À porta do Atlântico/At the door of the Atlantic
O novo terminal de cruzeiros de Leixões, edifício curvilíneo com 40 metros, ganha vida, num espaço partilhado pelo pólo do Mar da Universidade do Porto que se prevê estar concluído até ao final do ano.
A ambição da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) já era antiga e até ao final do ano vai ser concretizada com a inauguração do novo terminal: ter instalações que permitam o início e o fim de cruzeiros em Matosinhos, aumentando assim o fluxo de navios e de passageiros. O presidente da APDL, Brogueira Dias, declarou à agência Lusa que conta pelo "princípio do segundo semestre que a obra possa estar concluída para realizar a inauguração ainda durante este ano".
Os números desta construção impressionam: a área de construção ultrapassa os 19 mil metros quadrados, o betão utilizado supera os 18 mil metros cúbicos, foram usadas perto de quatro mil toneladas de aço em armaduras e movimentaram-se quase seis mil metros cúbicos de terras nas escavações.
De acordo com o presidente da APDL, o investimento global ultrapassa os 50 milhões de euros, explicando que o terminal "não é apenas o edifício". "A aposta de Leixões é para consolidar o tráfego que tem vindo a crescer muito nos últimos anos a nível mundial. Leixões também tem acompanhado esse crescimento", explicou, recordando que partiram dos 20 mil passageiros e que em 2012 – o melhor ano – chegaram perto dos 80 mil passageiros, com cerca de 70 escalas.
Com boas perspectivas para 2014 – uma vez que estão já marcadas 80 a 90 escalas – Brogueira Dias disse que com o novo terminal o que se pretende "é contribuir ainda mais para o crescimento do turismo na Região Norte", uma vez que aquele permite que Leixões deixe de ser, assim, um porto de escala.
"O edifício também tem uma utilização que é sui generis. A proximidade da cidade e a grande oferta que a cidade tem puxaram pelo engenho e conseguiu-se, pela primeira vez, uma boa relação com a Universidade do Porto, em que vai haver uma partilha praticamente a 50% da utilização do edifício", disse.
O arquitecto Luís Pedro Silva, autor do projecto, descreveu que "o edifício nasce sobretudo da envolvente portuária, ou seja, é a curva do molhe onde se insere o edifício que sugere a forma curvilínea que contamina todos os elementos do desenho". "O edifício faz pouco mais do que tirar partido do lugar. O lugar é suficientemente forte para depois não precisarmos que o edifício procure o que quer que seja adicionalmente", acrescentou.
Da imponência do novo terminal, destaque para o aproveitamento feito pelo arquitecto da cobertura, onde foi criado um anfiteatro exterior onde a vista sobre o mar, as cidades do Porto e Matosinhos, a praia e o Parque da Cidade não deixam ninguém indiferente. "Esperamos que qualquer cidadão – e creio que esse é o desejo também do Porto de Leixões – possa chegar à cobertura e usufruir do que já cá estava", disse, pretendendo ainda "evitar a redundância da estandardização".
Já Jorge Gonçalves, vice-reitor da Universidade do Porto, disse à agência Lusa que a instituição sempre ambicionou "ter uma localização que permitisse que os investigadores que trabalham sobre o mar estivessem em grande proximidade" com o objecto de estudo. "Neste lugar é impossível não investigar sobre o mar e, portanto, esta é a localização ideal para a Universidade do Porto ter o seu Pólo 4", defendeu.
Estimando que a população da universidade naquele pólo ronde 300 pessoas, Jorge Gonçalves antevê que vão utilizar "a parte que não está destinada à entrada e saída de passageiros" – os pisos 2 e 3 –, para além do estacionamento, onde vai ser criada "uma zona dedicada a biotérios, onde vai ser possível o crescimento de várias espécies de peixes".